sábado, 16 de janeiro de 2016

Quadrilha organizada rouba passageiros de ônibus em Nova Lima - MG


Grupo atua de forma profissional e sem chamar atenção da polícia


A cena se repete todos os dias, os passageiros dão o sinal, o ônibus pára e assim começa a viagem. Os poucos metros que separam a entrada do ônibus da roleta do cobrador são suficientes para a ação dos bandidos. Nova limenses são obrigados a retirar do bolso mais de 5 reais para poder passar para a parte de trás do ônibus e seguir viagem. O assalto acontece tanto na ida quanto na volta, mais de 10 reais por dia para poder ir trabalhar. “ É o preço que pagamos por viver em uma cidade de autoridades omissas e empresários ambiciosos”, conta um morador que está prestes a perder o emprego na capital por causa do aumento da passagem.
O modo de agir da quadrilha é discreto, eles usam trabalhadores para roubar outros trabalhadores. O motorista e o cobrador recebem uma pequena mixaria para cumprir o dever, pouco mais de um sálario e meio para o motorista e cerca de R$ 900 para o cobrador. “É isso ou nada, não há emprego na cidade, nós também precisamos sobreviver”, explica uma mulher que trabalha na função de cobradora.


Diferentemente do que acontece no tráfico de drogas e em outras organizações criminosas, os bandidos do transporte público vestem terno e gravata e se escondem atrás de grandes e confortáveis mesas. As reuniões nas quais definem o modo de ação e o valor a ser roubado de cada trabalhador acontecem em ambientes de muito luxo, com a presença de políticos e outros interessados. Desses encontros, os cobradores e motoristas não participam. “ Precisamos deles apenas para executar a linha de frente, são descartáveis assim como esse papel em minhas mãos”, afirma o empresário amassando uma folha na qual está escrito “CONSTITUIÇÃO FEDERAL, DIREITOS SOCIAIS: o trabalho, a moradia, o TRANSPORTE…., (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 90, de 2015)
A polícia ainda não tem pistas sobre o modo de organização da quadrilha, embora seus mais altos comandantes saibam do local, horário e data dos encontros que definem aumentos no valor roubado e muitos deles participem, inclusive, da definição e divisão de valores. Já os soldados que atuam diretamente na segurança pública nas ruas explicam que só podem agir cumprindo ordens superiores e a fim de estabelecer a ordem pública no caso de baderneiros pensarem em atrapalhar o sistema. “Esses manifestantes descontentes com o valor pago nos ônibus merecem toda nossa força, mas não a favor deles e sim a fim de contê-los, suas vozes incomodam nossos chefes”, afirma um policial fardado que acaba de atirar balas de borrachas contra estudantes desarmados, e que, assim como o cobrador e motorista recebem uma mixaria para fazer o que fazem.
Por Luana Assis 
para o Nova Lima $URREAL

Nenhum comentário:

Postar um comentário